Data 2 a 28 de Março 2013
"Mulher, Menina e Moça" remete-nos para cenários de
interior que retratam a identidade,
individualidade e intimidade feminina e refletem estados de alma. A casa
enquanto teatro surge como
ambivalência entre comédia e drama ou fantasia e realidade, numa domesticidade
como local gerador. Neste palco
interior representam-se peças
soltas que se entrelaçam num só espaço, em que a mulher é a personagem
principal, onde atuam sentimentos antagónicos por meio de doçura e amargura,
tristeza e alegria, fraqueza e firmeza, amor e desamor, sonho e realidade…
Esta
ligação ao mundo privado evoca Penélope que, enquanto Ulisses andava na aventura da
guerra de Troia, esperava e esperava, fazia e desfazia, cosia e descosia o seu
trabalho; talvez a delicadeza e tenacidade feminina de um fazer intemporal, que
não tem pressa… está em espera; assim como Héstia, deusa da domesticidade e
defesa do lar. Penélope e Héstia simbolizam, portanto, esta premissa de
uma espera eterna e delicadeza confinada ao fazer / gesto feminino. Um ofício
restringido ao espaço doméstico que a mulher carrega ao longo dos tempos. A
presença da cadeira em várias telas concede uma autoridade, aparente ou
desejada, conquistada com a perseverança de uma guerreira em luta por um lugar
no trono.
As
obras apresentam-se com um cariz pictórico docemente decorativo e feminino
através de elementos patchwork mesclados
pela colagem de papéis, tecidos, rendas ou linhas que dão protagonismo à
representação do corpo sensualmente feminino, em estereótipo pin-up, conferindo, assim, uma aparente
independência, privacidade, intimidade e sensualidade, por meio de poses numa
clausura subtil e adornadas de emoções. A pose da figura feminina levanta,
deste modo, o olhar atento do espetador questionando-o se está perante a
provocação, o romantismo, o lascivo ou a submissão.
"Mulher, Menina e Moça" eterniza e materializa narrativas,
como por exemplo de Florbela Espanca, Irene Lisboa ou Frida Kahlo, numa
afirmação feminina de vivências e experiências pessoais, íntimas ou emocionais
com evidentes implicações sociais que envolvem, interessam e identificam todo o
universo feminino; não se tratando de politizar o tema “Mulher” mas apenas
abordar puras emoções entre corpo e alma.
Lara
Roseiro
Fevereiro 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário