Exposição individual "Mulher, Menina e Moça"

Local  Paços do Concelho de Oliveira do Bairro
Data  2 a 28 de Março 2013

"Abraços leves como afagos"
Técnica mista sobre tela 
100 x 90 cm
2012

"Mulher, Menina e Moça" remete-nos para cenários de interior que retratam a identidade, individualidade e intimidade feminina e refletem estados de alma. A casa enquanto teatro surge como ambivalência entre comédia e drama ou fantasia e realidade, numa domesticidade como local gerador. Neste palco interior representam-se peças soltas que se entrelaçam num só espaço, em que a mulher é a personagem principal, onde atuam sentimentos antagónicos por meio de doçura e amargura, tristeza e alegria, fraqueza e firmeza, amor e desamor, sonho e realidade…
Esta ligação ao mundo privado evoca Penélope que, enquanto Ulisses andava na aventura da guerra de Troia, esperava e esperava, fazia e desfazia, cosia e descosia o seu trabalho; talvez a delicadeza e tenacidade feminina de um fazer intemporal, que não tem pressa… está em espera; assim como Héstia, deusa da domesticidade e defesa do lar. Penélope e Héstia simbolizam, portanto, esta premissa de uma espera eterna e delicadeza confinada ao fazer / gesto feminino. Um ofício restringido ao espaço doméstico que a mulher carrega ao longo dos tempos. A presença da cadeira em várias telas concede uma autoridade, aparente ou desejada, conquistada com a perseverança de uma guerreira em luta por um lugar no trono.
As obras apresentam-se com um cariz pictórico docemente decorativo e feminino através de elementos patchwork mesclados pela colagem de papéis, tecidos, rendas ou linhas que dão protagonismo à representação do corpo sensualmente feminino, em estereótipo pin-up, conferindo, assim, uma aparente independência, privacidade, intimidade e sensualidade, por meio de poses numa clausura subtil e adornadas de emoções. A pose da figura feminina levanta, deste modo, o olhar atento do espetador questionando-o se está perante a provocação, o romantismo, o lascivo ou a submissão.  
"Mulher, Menina e Moça" eterniza e materializa narrativas, como por exemplo de Florbela Espanca, Irene Lisboa ou Frida Kahlo, numa afirmação feminina de vivências e experiências pessoais, íntimas ou emocionais com evidentes implicações sociais que envolvem, interessam e identificam todo o universo feminino; não se tratando de politizar o tema “Mulher” mas apenas abordar puras emoções entre corpo e alma.
           Lara Roseiro
           Fevereiro 2013 

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